“A mudança climática para a viticultura é pior do que a filoxera”, diz Miguel Torres

International Wineries for Climate Action reúne membros e alerta sobre emergência climática às vinícolas no mundo

A frase é de Miguel Torres da Familia Torres Wines, em conferência da IWCA – International Wineries for Climate Action. O grupo foi fundado em 2019 e conta com 24 vinícolas como membros, abrangendo 7 países nos cinco continentes. Todos com a obrigação de fazer reduções consistentes no CO₂ por ano, trabalhando para se tornar neutro em carbono, até 2050.

A finalidade da organização é engajar o maior número de novas vinícolas para diversas causas em comum, entre elas o clima, como a maior prioridade para os próximos anos.

Em conferência apresentada na semana passada por Miguel A. Torres da Familia Torres (fundador da IWCA) e Rob Symington da vinícola Symington Family Estates, ao lado de Fiona Macklin – da campanha Race to Zero (apoiada pela ONU), Torres começou alertando todos os participantes sobre a importância e o controle climático no mundo, e ao mesmo tempo instigou os produtores de vinho a se juntarem à causa e ajudarem a combater as mudanças climáticas.

“Não falamos mais sobre mudanças climáticas, mas falamos de emergência climática. Só temos poucos anos pela frente para mudar o que acontece com a situação. A Covid vai morrer, mas as mudanças climáticas não vão ir embora, vão ficar e será cada vez pior”, advertiu.

Symington também ressaltou a gravidade da situação e contou que no Douro, a cada ano que passa, os enólogos provavelmente enfrentarão o ano mais quente já registrado. “Isso continua acontecendo e isso para mim é aterrorizante. Isso é real para todos nós e como Miguel disse, não temos muito tempo para resolvê-los”.

O encontro reforçou o tema da “alfabetização de carbono” e mudança de atitude, onde foi destacado como as empresas não estão acostumadas a falar sobre mudanças climáticas com confiança.

Para o IWCA, seus associados precisam ter rigor, medição, metas públicas com objetivo de redução de emissão baseada em ciência, ações e não palavras apenas.

Mudança de mentalidade, sustentabilidade social e corporativa, exercício de sustentabilidade como uma forma de provar ao futuro uma mudança, serão os primeiros passos. “Nossa abordagem para a crise climática é a mesma que nossa atitude para a sustentabilidade, que tem a ver com estruturas externas de terceiros”, complementa Symington.

“A influência coletiva vai capacitar a aproximação de fabricantes de garrafas, produtores de caixas e rolhas, assim contribuindo para que as vinícolas grandes e pequenas possam entrar nessa jornada”, finaliza Torres.

Fonte: Revista Adega

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