O reconhecimento da atividade de Sommelier de Cachaça como profissão

Atualmente apenas os profissionais que atuam no serviço do vinho, a exemplo dos garçons, são considerados profissionais regulamentados na profissão de Sommelier.

Por Léo Romano

Esta regulamentação é validada pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), do Ministério do Trabalho, sob o código 5134. Vejamos:

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5134-10 – Garçom (serviços de vinhos)[1]

Degustador de vinho, Escanção, Especialista em vinho, Sommelier

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A CBO tem como objetivo identificar as ocupações no mercado de trabalho, com a finalidade de classificá-las junto aos registros administrativos e domiciliares. Importante ressaltar que esta classificação é de ordem administrativa, não se estendendo às relações de trabalho, uma vez que as regulamentações das profissões são realizadas no âmbito legal, junto ao Congresso Nacional, e sancionadas pelo Presidente da República.

Atualmente, inúmeras escolas oferecem cursos para Sommelier de Cerveja, Sommelier de Cachaça, Sommelier de Saquê, dentre outros, contudo, estes profissionais estão à margem da Lei, já que não possuem reconhecimento enquanto profissão por não figurarem na Classificação Brasileira de Ocupações.

A boa notícia é que esta realidade está em vias de ser mudada, pois a FIPE e pelo Ministério da Economia estão em um processo de revisão das atividades profissionais do país, com isto, a profissão de Sommelier de cachaça está em vias de ser devidamente reconhecida pelo Governo Federal, juntamente com o Sommelier de Cervejas e Saquê.

Não há dúvida que atuar como Sommelier deixou de ser apenas um hobby, dando lugar a uma profissão séria, que exige estudo, empenho e dedicação, e, mais que proporcionar bons momentos para os clientes em bares e restaurantes, é a fonte de renda primária de inúmeras famílias.

A mudança desse cenário se deu após a ABRACERVA e o Núcleo Sommelier fomentar o debate e a valorização do profissional Sommelier de Cervejas, através da regulamentação da profissão e criação de um código de ética.

Na sequência dos debates, foram convidados os profissionais Beatriz Amorim, Fernanda Bressiani, Jayro Pinto Neto, Mauricio Maia, Pedro Barcellos, José Padilha, Priscilla Colares e Yasmin Yonashiro, para participar do projeto da CBO junto ao Ministério da Economia para a inclusão das novas titulações e outras especialidades da sommelieria, que também confirmou a atividade do Sommelier de Saquê e, claro, do Sommelier de Cachaça.

A qualificação profissional sempre foi o pilar essencial para a ABS Minas, e para prestar esses serviços de forma eficiente, o nível de conhecimento necessário ao sommelier de cachaça demanda tempo e estudo.

Esta filosofia também é partilhada pelo presidente da ABS Minas, Renato Archanjo Costa, que há mais de 30 anos, se dedica a sommelieria, paixão facilmente reconhecida em suas palavras:

“Desde que escolhi a minha profissão sempre quis levar a Cachaça junto comigo e para as salas de aula da ABS Minas. Ensinar e compartilhar o conhecimento me enche de alegria, e hoje posso dizer que vivo para esse propósito. Nada me dá mais satisfação do que incentivar outras pessoas. Mais que qualquer reconhecimento, contribuir para o crescimento profissional daqueles que me cercam é a minha recompensa, afirma Renato Costa.

Hoje, não poderia estar mais feliz e compartilhar com vocês que depois de mais de 30 anos atuando e desenvolvendo a área de sommelieria de vinhos e outros 10 anos atuando na educação, formando novos profissionais, fico orgulhoso e até emocionado com o reconhecimento da atividade profissional de Sommelier de Cachaça.

Sei que muitos colegas se envolveram em um trabalho impecável para o reconhecimento da atividade do Sommelier de Cerveja como profissão e que também confirmou a atividade do Sommelier de Saquê e, claro, do Sommelier de Cachaça.

Não posso deixar de mencionar também a diretora, coordenadora e professora Lorena Simão da LABM que sempre acreditou e apoiou minhas ideias, abrindo as portas da escola para montarmos juntos o único curso de formação profissional de Sommelier de Cachaça do mercado.”

Acreditamos que o reconhecimento das novas atividades profissionais, com posterior regulamentação legal, o mercado se beneficiará com a atuação de profissionais altamente empenhados em transmitir sua paixão pela cachaça através de experiências cada vez mais enriquecedoras para todos os consumidores!

[1] http://www.mtecbo.gov.br/cbosite/pages/pesquisas/BuscaPorTituloResultado.jsf